julho 2025
As férias de julho estão chegando — e com elas, a chance de desfrutar queijos maravilhosos para acompanhar esse friozinho perfeito para comidas e bebidas aconchegantes.
Neste mês, você vai explorar quatro queijos deliciosos, de diferentes regiões brasileiras.
Começamos pelo Tulpen, inspirado no tradicional Maasdam holandês. Produzido pela Melkland, em Castro (PR), é um queijo untuoso, levemente adocicado e com notas amadeiradas — perfeito para derreter ou harmonizar com cervejas tipo stout ou vinhos com passagem por barrica.
Do Campo das Vertentes, em Minas Gerais, vem o Jacuba, um legítimo Queijo Minas
Artesanal, com cerca de 20 dias de maturação. A ação das bactérias nativas promove uma proteólise que traz cremosidade e mais sabor a esse queijo macio, amanteigado e de acidez equilibrada. Em 2021, ele conquistou o primeiro lugar no concurso estadual entre mais de 130 concorrentes.
Já o Mantiqueira de Minas, do produtor Tiago Barbosa, revela a força dos queijos de longa maturação. Feito com leite de vacas Jersey e curado por 6 meses, tem textura firme, sabor frutado e um umami marcante e persistente. Vai bem com vinhos encorpados, cervejas cítricas ou finalizando massas e saladas. Na tabua de frios, sirva-o com mel.
Por fim, o Frassinella — suculento e delicado. Inspirado no queijo Caciotta, é um queijo de massa mole, orgânico, produzido em Cássia dos Coqueiros (SP), que une tradição italiana e sustentabilidade. Macio como poucos, é versátil e perfeito para um café da manhã especial.
E para acompanhar os queijos de julho, você vai conhecer um pouco mais sobre os
diferentes tipos de floradas no mel. Aproveite os dois méis artesanais — de florada de laranjeira e florada de café — e perceba como as flores influenciam o sabor. A edição traz ainda um chá misto artesanal de erva-mate, maçã, limão e hortelã, que pode ser servido quente, gelado ou até em drinks.
Conheça os queijos do
Master Class Wine Expo BH
Queijo Tulipa Negra / Produtor Melkland
Em meio às paisagens rurais de Castro, no coração dos Campos Gerais do Paraná, a Queijaria Melkland se destaca como uma referência na produção de queijos artesanais de alta qualidade. Fundada em 2019 por Marco e Agnes Van der Vinne, descendentes de imigrantes holandeses, a Melkland nasce da tradição leiteira da família, que viu no leite de vacas Jersey uma matéria-prima nobre para criar queijos autorais e cheios de personalidade.
Na boutique localizada na Colônia Castrolanda, o visitante encontra queijos inspirados em receitas europeias, como gouda, parmesão e cheddar, além de versões temperadas com ervas como manjericão, feno grego e cominho. Mas o grande destaque é o Queijo Kaastro, uma criação exclusiva da casa, com casca lavada em chope artesanal da própria região — um verdadeiro retrato do terroir local.
A Melkland também integra rotas turísticas e feiras regionais, oferecendo degustação dos queijos no próprio local. Atualmente, a queijaria está em processo de adesão ao sistema Susaf-PR, e Selo Arte o que permitirá ampliar sua distribuição dentro do estado e país
Entre as criações autorais da Melkland, o queijo Tulipa Negra chama a atenção pelo visual marcante e pelo perfil sensorial complexo. Trata-se de um queijo do tipo Maasdam — inspirado na receita holandesa — que passa por um período de maturação média e recebe um tratamento especial com cera preta importada, o que garante sua conservação e confere elegância à sua apresentação.
Sabor e aroma: O Tulipa Negra tem textura macia e elástica, com olhaduras (furos) bem formadas e aroma lácteo intenso. No paladar, apresenta um sabor levemente adocicado, com notas de manteiga, nozes e um final amadeirado suave, resultado da maturação e da qualidade do leite Jersey utilizado.
Harmonizações: É um queijo versátil para tábuas, mas também se destaca em harmonizações com vinhos brancos encorpados (como Chardonnay com madeira) ou tintos frutados e suaves (como Pinot Noir). Cervejas do estilo Belgian Blond Ale ou Tripel também ressaltam suas notas doces e tostadas.
Conservação: Por ser envolto em cera, o Tulipa Negra possui excelente durabilidade. Deve ser mantido refrigerado, entre 4 °C e 8 °C, e retirado da geladeira cerca de 30 minutos antes do consumo para que possa expressar todo o seu aroma e sabor.
Alvura Bleu / Queijaria D’Chevre
Localizada em Itaverava, na região central de Minas Gerais, a Queijaria D’Chèvre é fruto de uma transformação inspiradora. Fundada por Alisson Hauck Dornellas de Castro e sua esposa Rosimere Oliveira Alves Hauck, a queijaria nasceu do desejo de produzir queijos artesanais finos e hoje se destaca nacionalmente pela excelência.
A história da D’Chèvre começa com a aquisição do Sítio São Francisco, no distrito de Monsenhor Isidro. Sem estrutura adequada para criação de vacas, o casal optou pelas cabras e, em pouco tempo, o que começou com uma única cabra para consumo doméstico evoluiu para uma produção diária de litros de leite e o início da fabricação de queijos artesanais.
Em 2016, Alisson e Rosimere deixaram seus empregos formais e passaram a se dedicar integralmente à produção queijeira. Ele assumiu os processos de fabricação, maturação e cuidados com o rebanho, que hoje conta com mais de 70 cabras da raça Saanen.
Com apoio técnico e muito investimento próprio, a D’Chèvre se profissionalizou. O espaço de produção foi adaptado para atender às normas sanitárias, e os queijos passaram a ser maturados em caves feitas de pedra-sabão, o que contribui para o desenvolvimento de sabores únicos. Hoje, a queijaria oferece uma linha refinada de queijos autorais, e diversos rótulos já receberam prêmios nacionais e internacionais. A preocupação com a sustentabilidade da propriedade e a manutenção do modelo familiar seguem como pilares do negócio.
Entre as criações mais emblemáticas da D’Chèvre está o elegante e surpreendente Alvura Bleu, um queijo de cabra autoral que combina o visual e a suavidade de um queijo de casca florida com a complexidade e o caráter do mofo azul. É uma peça híbrida, resultado da aplicação do Penicillium candidum na superfície — típico dos bries e camemberts — e do Penicillium roqueforti em seu interior, o mesmo fungo presente em queijos como o roquefort e o gorgonzola.
O Alvura Bleu apresenta uma textura macia e cremosa, com maturação mínima de 15 dias. Seu aroma é lácteo e elegante, com um toque levemente terroso, enquanto o sabor mistura doçura e um leve picante, revelando notas de nozes, manteiga. É um queijo que impressiona tanto visualmente quanto no paladar.
Ideal para tábuas de queijos especiais, harmoniza com vinhos brancos secos como Sauvignon Blanc e Chardonnay não amadeirado, tintos leves como Pinot Noir, além de cervejas mais robustas, como Porter e Stout. Vai muito bem acompanhado de frutas frescas ou secas, geleias cítricas, pães rústicos, nozes e mel. Se estiver sem ideia de como consumir, picá-lo grosseiramente em uma salada é uma ótima sugestão, principalmente se tiver pera ou figo, mel e presunto cru para acompanhá-lo.
Por ser um queijo vivo, sua conservação deve ser feita sob refrigeração, entre 4 °C e 7 °C. O ideal é retirá-lo da geladeira cerca de 30 minutos antes do consumo, para que possa atingir a temperatura ambiente e expressar todas as suas nuances de sabor e aroma.
Queijos envolvidos com esta embalagem microperfurada devem ser armazenados devidamente envolvidos neste papel. Ele se conservará melhor que qualquer outra embalagem, e é importante não demorar mais de uma semana para consumi-lo novamente.
Lá de Madre 12 meses / Fazenda Santa Mônica
No coração das montanhas de Minas Gerais, mais precisamente em Madre de Deus de Minas, a arte de inovar e fazer queijos autorais se encontram em cada detalhe da produção da Fazenda Santa Mônica. É lá que nasceu o Lá de Madre, um dos queijos mais premiados do país, criado por Renato Queiroz de Castro e Viviane Campos de Castro, um casal que sempre gostou de viajar e apreciar bons vinhos e queijos.
A história do projeto começa em 2016, quando os dois decidiram transformar a fazenda, que era um projeto só para aproveitar a pacata vida rural, em uma referência nacional na produção de leite. Há pouco mais de 2 anos resolveram criar uma receita autoral de queijos de longa maturação. Inspirados por antigas referências da própria região — onde imigrantes dinamarqueses já haviam produzido queijos no início do século XX —, Renato e Viviane criaram um modelo de produção com excelência e foram buscar referências na Europa, mais precisamente Holanda e Suíça.
Um dos destaques da fazenda é o programa “Adote um Queijo”, que convida os apreciadores a acompanharem de perto a produção, conhecerem os animais e entenderem como cada etapa do processo influencia no queijo. Você pode escolher entre as versões de 6, 9, 12 e 15 meses. Apesar do longo tempo de maturação, a textura amanteigada está presente em todos. Quanto mais maturado, mais complexo.
Ao cortar, revela uma massa firme e amanteigada, com cristais de tirosina que conferem leve crocância e textura em boca como poucos queijos podem proporcionar. O aroma traz notas maduras, levemente frutadas, e o sabor é intenso, com toques de amêndoas, frutas secas e um final picante, típico dos queijos longamente maturados.
É um queijo de presença marcante, mas extremamente equilibrado — daqueles que envolvem o paladar e ficam na memória, pois tem a capacidade de lhe causar uma complexidade sensorial tão completa que fica difícil de esquecer deste queijo.
O Lá de Madre de 12 meses vai muito bem com vinhos tintos leves, como um Pinot Noir, ou mais encorpados, fica à escolha. Também é excelente com Chardonnay barricado, que ressalta sua cremosidade. Para acompanhamentos, pense em geleias, mel e castanhas. Parece que a geleia de damasco com amêndoa e cointreau foi pensada para este queijo, pois ela tem uma capacidade fora do comum de destacar todos os aromas dele.
Por ser um queijo maturado, ele deve ser mantido na geladeira, entre 4 °C e 7 °C, e retirado com cerca de 30 minutos de antecedência para atingir a temperatura ideal e liberar todo seu aroma e sabor. Depois de aberto, o ideal é consumi-lo em poucos dias.
Toca de Celina / Quinta das Magnólias
Em meio à mata atlântica entre Bragança Paulista e Pinhalzinho, no interior de São Paulo, nasceu a Quinta das Magnólias, uma queijaria que carrega sensibilidade e propósito em tudo o que faz. Fundada pela veterinária Júlia Letícia Ribas, a fazenda alia bem-estar animal, sustentabilidade e uma profunda conexão com o território à produção de queijos autorais com identidade.
As vacas da propriedade são tratadas com cuidado individualizado: cada uma tem nome e participa da rotina de forma ativa, inspirando inclusive os nomes dos queijos. Criadas em sistema de pastejo rotacionado, com acesso à sombra, ventilação e música durante a ordenha, recebem uma atenção que vai além da nutrição, resultando em um leite de altíssima qualidade e expressividade sensorial.
Foi com esse olhar cuidadoso que nasceu o Toca de Celina, um dos queijos mais emblemáticos da casa. Batizado em homenagem à porca Celina, ele apresenta uma massa de coloração dourada clara e textura quebradiça. No aroma, destaca-se um potente perfume frutado. No sabor, uma combinação intensa, mas equilibrada entre dulçor inicial, acidez sutil e picância, exaltando, por fim, bastante umami. Sua casca recebe uma fina camada de carvão ativado que favorece o desenvolvimento de mofo branco, criando um visual bruto e sofisticado e um sabor fresco e limpo.
Esse é um queijo que brilha em tábuas delicadas, acompanhando bem frutas secas e frescas como figos ou peras, e geleias não tradicionais. Deve ser conservado sob refrigeração, entre 4 °C e 7 °C, e servido em temperatura ambiente para que suas notas aromáticas e texturais se revelem plenamente.
A Quinta das Magnólias é o tipo de lugar onde cada detalhe importa — da forma como o rebanho é tratado ao modo como os queijos são desenvolvidos. A paixão pela natureza, pelos animais e pelo fazer artesanal se traduz em cada peça produzida. O Toca de Celina é a síntese dessa filosofia: um queijo autoral que expressa carinho, potência e identidade em cada mordida.
Araucaria Chimichurri / Queijaria Di Capre
A Queijaria Di Capre é uma queijaria artesanal localizada em Itanhandu, no coração da Serra da Mantiqueira, em Minas Gerais. Fundada em 2020 por Júlio César Cunha de Souza e sua esposa Iracema, a Di Capre surgiu como resposta a um desafio: a dificuldade de escoar o leite de cabra durante a pandemia. Para contornar essa situação, Júlio iniciou a produção de queijos maturados 100% artesanais, inspirados em clássicos europeus, mas com identidade local.
Com o tempo, a queijaria expandiu seu portfólio, oferecendo uma extensa variedade de queijos de cabra e até doce de leite. Atualmente, a Di Capre beneficia cerca de 400 litros de leite por dia.
A queijaria também e amplamente premiada em concursos no Brasil e exterior, estabelecendo-se como uma das principais queijarias artesanais dedicadas à cultura caprina.
A seleção do plantel é fundamental para produção de leite de altíssima qualidade e rendimento, já que o leite de cabra rende mais na produção de queijos do que o leite de vaca.
Dentre o extenso catálogo de queijos derivados, selecionamos o queijo Araucária Chimichurri que e uma massa láctea, muito próxima da coalhada. É inspirado no Buchette que é um queijo de origem francesa, e que seu nome significa literalmente “tronquinho” em francês, em alusão ao seu formato cilíndrico, pequeno e elegante. A textura é macia e delicada, variando entre um interior quase cremoso.
No paladar, o Araucária apresenta notas lácteas frescas, com acidez evidente, e frescor trazido pelo tempero que já o torna apto a consumo. É um queijo que expressa elegância e simplicidade ao mesmo tempo, conquistando tanto iniciantes quanto apreciadores mais experientes de queijos de cabra.
É muito versátil na cozinha: pode ser servido em fatias sobre pães rústicos, compor saladas frescas, ou acompanhar frutas como figos e peras. Harmoniza bem com vinhos brancos leves (como Sauvignon Blanc e Chenin Blanc) ou espumantes secos, realçando sua delicadeza.
O Buchette deve ser mantido refrigerado, mas, como todo bom queijo artesanal, revela sua melhor expressão quando consumido em temperatura ambiente. Basta retirá-lo da geladeira e da embalagem cerca de 30 minutos antes de servir.
