Confraria Bocas Roxas
Pedra Branca / Queijaria Di Capre
O Pedra Branca, produzido pela Queijaria Di Capre, é um queijo de leite de cabra inspirado no tradicional Camembert francês. A inspiração se revela em sua casca branca e aveludada, formada pelo mofo nobre Penicillium camemberti, que protege a massa e conduz o desenvolvimento de aromas e sabores delicados.
Assim como o Camembert, o Pedra Branca apresenta uma massa cremosa sob a crosta, com textura que evolui da borda para o centro à medida que o queijo matura. No entanto, a escolha pelo leite de cabra brasileiro confere identidade própria: aromas mais frescos, notas de ervas do campo e acidez sutil, que se somam à cremosidade típica do estilo francês. O resultado é um queijo elegante, que equilibra tradição europeia e terroir mineiro.
Em termos sensoriais, oferece sabores lácteos limpos, com nuances de nozes frescas e um leve toque cítrico. Quando mais jovem, é mais firme e delicado; com a maturação, torna-se mais intenso, amanteigado e envolvente, lembrando o estágio clássico dos camemberts de excelência.
Sua harmonização segue a linha dos queijos de casca florida: vai bem com vinhos brancos, espumantes brut, cervejas de trigo e também com doces suaves como geleias, mel ou até mesmo caramelo, que ressaltam sua acidez e cremosidade.
O Pedra Branca simboliza o encontro entre tradição e inovação: um queijo de inspiração europeia que ganhou sotaque brasileiro pela dedicação da Queijaria Di Capre e pela riqueza do leite de cabra nacional.
Queijos envolvidos com esta embalagem microperfurada devem ser armazenados devidamente envolvidos neste papel. Ele se conservará melhor que qualquer outra embalagem, e é importante não demorar mais de uma semana para consumi-lo novamente.
Alvura Bleu / Queijaria D’Chevre
Localizada em Itaverava, na região central de Minas Gerais, a Queijaria D’Chèvre é fruto de uma transformação inspiradora. Fundada por Alisson Hauck Dornellas de Castro e sua esposa Rosimere Oliveira Alves Hauck, a queijaria nasceu do desejo de produzir queijos artesanais finos e hoje se destaca nacionalmente pela excelência.
A história da D’Chèvre começa com a aquisição do Sítio São Francisco, no distrito de Monsenhor Isidro. Sem estrutura adequada para criação de vacas, o casal optou pelas cabras e, em pouco tempo, o que começou com uma única cabra para consumo doméstico evoluiu para uma produção diária de litros de leite e o início da fabricação de queijos artesanais.
Em 2016, Alisson e Rosimere deixaram seus empregos formais e passaram a se dedicar integralmente à produção queijeira. Ele assumiu os processos de fabricação, maturação e cuidados com o rebanho, que hoje conta com mais de 70 cabras da raça Saanen.
Com apoio técnico e muito investimento próprio, a D’Chèvre se profissionalizou. O espaço de produção foi adaptado para atender às normas sanitárias, e os queijos passaram a ser maturados em caves feitas de pedra-sabão, o que contribui para o desenvolvimento de sabores únicos. Hoje, a queijaria oferece uma linha refinada de queijos autorais, e diversos rótulos já receberam prêmios nacionais e internacionais. A preocupação com a sustentabilidade da propriedade e a manutenção do modelo familiar seguem como pilares do negócio.
Entre as criações mais emblemáticas da D’Chèvre está o elegante e surpreendente Alvura Bleu, um queijo de cabra autoral que combina o visual e a suavidade de um queijo de casca florida com a complexidade e o caráter do mofo azul. É uma peça híbrida, resultado da aplicação do Penicillium candidum na superfície — típico dos bries e camemberts — e do Penicillium roqueforti em seu interior, o mesmo fungo presente em queijos como o roquefort e o gorgonzola.
O Alvura Bleu apresenta uma textura macia e cremosa, com maturação mínima de 15 dias. Seu aroma é lácteo e elegante, com um toque levemente terroso, enquanto o sabor mistura doçura e um leve picante, revelando notas de nozes, manteiga. É um queijo que impressiona tanto visualmente quanto no paladar.
Ideal para tábuas de queijos especiais, harmoniza com vinhos brancos secos como Sauvignon Blanc e Chardonnay não amadeirado, tintos leves como Pinot Noir, além de cervejas mais robustas, como Porter e Stout. Vai muito bem acompanhado de frutas frescas ou secas, geleias cítricas, pães rústicos, nozes e mel. Se estiver sem ideia de como consumir, picá-lo grosseiramente em uma salada é uma ótima sugestão, principalmente se tiver pera ou figo, mel e presunto cru para acompanhá-lo.
Por ser um queijo vivo, sua conservação deve ser feita sob refrigeração, entre 4 °C e 7 °C. O ideal é retirá-lo da geladeira cerca de 30 minutos antes do consumo, para que possa atingir a temperatura ambiente e expressar todas as suas nuances de sabor e aroma.
Queijos envolvidos com esta embalagem microperfurada devem ser armazenados devidamente envolvidos neste papel. Ele se conservará melhor que qualquer outra embalagem, e é importante não demorar mais de uma semana para consumi-lo novamente.
Sol do Japi / Queijaria Pé do Morro
O Queijo Sol, também conhecido como Sol do Japi, é um dos grandes destaques da Queijaria Pé do Morro, localizada em Cabreúva, aos pés da Serra do Japi, no interior de São Paulo. A Pé do Morro foi fundada em 2016 por Érico Kolya no Sítio 7 Luas, e desde então se consolidou como uma das queijarias artesanais mais expressivas do estado. A produção é familiar e artesanal, com forte inspiração nos queijos de montanha europeus — especialmente suíços e alemães —, mas com adaptação cuidadosa ao terroir brasileiro. O resultado é uma linha de queijos que reflete a flora e o clima da Serra do Japi, além das características do leite local, proveniente de vacas das raças Jersey e Pardo-Suíço criadas em propriedades próximas, reconhecidas pela alta qualidade e teor de gordura do leite.
O Queijo Sol é elaborado a partir de leite de vaca pasteurizado e segue o método de massa cozida ou semi-cozida, técnica que confere textura firme e estrutura elástica à peça. Durante o processo, a coalhada recebe aquecimento controlado, que influencia diretamente na densidade e no comportamento da massa ao longo da maturação. O período mínimo de cura é de três meses, mas o queijo pode ser mantido por seis, nove ou até doze meses, dependendo do perfil desejado. Essa maturação ocorre em câmaras com temperatura e umidade cuidadosamente controladas, permitindo o desenvolvimento de uma flora microbiana característica da região e o surgimento de sabores complexos e aromas refinados.
O Sol do Japi é inspirado em queijos de montanha como Comté, Gruyère e Emmental, mas suas nuances são completamente brasileiras. A casca é natural, sem lavagens frequentes ou adição de corantes, e o interior apresenta um tom amarelo-claro a marfim, de corte limpo e homogêneo, raramente com olhaduras. A textura é firme, mas não excessivamente dura, e se torna mais macia e untuosa conforme o tempo de maturação aumenta. No paladar, revela um equilíbrio notável entre suavidade e intensidade. As notas iniciais são levemente adocicadas e amanteigadas, evoluindo para sabores mais complexos, com toques de castanhas, frutas secas e um final que pode lembrar caramelo ou amêndoas tostadas. O sal é moderado e a persistência de sabor é longa e agradável. O aroma segue a mesma harmonia: notas lácteas e de manteiga fresca se combinam com sugestões de feno, leite quente e frutos secos, variando conforme a maturação.
Por conta dessas características, o Queijo Sol é versátil e pode ser apreciado puro, em tábuas de queijos ou em preparações culinárias mais elaboradas. Harmoniza de forma excelente com vinhos brancos aromáticos, como Sauvignon Blanc e Riesling, além de espumantes secos que ressaltam sua untuosidade. Entre os tintos, combina bem com Merlot e Pinot Noir, que equilibram a delicadeza do queijo sem sobrepor seu sabor. Também se mostra uma excelente companhia para cervejas maltadas e de baixa acidez, como Brown Ale, Amber Ale, Bock ou Doppelbock. Para acompanhar, frutas frescas ou secas, nozes, pães rústicos e geleias de sabor suave ajudam a realçar suas notas mais finas.
O queijo Sol recebeu reconhecimento em concursos nacionais de queijos artesanais, conquistando medalhas, inclusive no Mundial do Queijo Brasil, onde se destacou entre os melhores do país. Essa premiação reflete não apenas a qualidade técnica do produto, mas também o compromisso da Queijaria Pé do Morro com a valorização do leite, do produtor e do território. O Sol do Japi é um exemplo claro da maturidade da queijaria paulista contemporânea: um queijo que nasce de referências europeias, mas assume identidade própria ao expressar a natureza e o clima da Serra do Japi.
Para conservação ideal, recomenda-se mantê-lo refrigerado e, após aberto, envolvê-lo em filme plástico ou guardá-lo em recipiente fechado, evitando o ressecamento. Antes de servir, o ideal é deixá-lo em temperatura ambiente por cerca de 20 a 30 minutos, permitindo que recupere sua textura e libere plenamente seus aromas.
Mais do que um produto gastronômico, o Sol do Japi representa um capítulo importante da cultura queijeira brasileira. É o encontro entre técnica e terroir, entre tradição europeia e expressão local, resultando em um queijo que honra o nome que carrega: intenso, luminoso e cheio de vida, como o sol que nasce todos os dias sobre as colinas da Serra do Japi.
Queijo Benedito / Queijaria Serra Bonita
Benedito e um queijo inspirado no Parmesão, seguindo, com as devidas restrições, passos alguns dos passos na receita deste icônico queijo. É feito com leite com proteína A2A2 o que traz uma digestibilidade muito melhor, principalmente para aqueles que sentem incômodos na digestão de queijos.
Queijos de massa dura com capa preta representam uma tradição importante dentro da queijaria artesanal e de guarda. A capa preta, geralmente feita de parafina alimentar, tem a função de proteger o queijo durante a longa maturação, reduzindo a perda de umidade e garantindo um processo lento e uniforme de evolução dos sabores. Esse cuidado resulta em queijos com textura firme, de corte limpo e, muitas vezes, com formação de pequenos cristais de tirosina, que revelam maturação bem-sucedida. Estes cristais são muito bem percebidos no Benedito.
No aspecto sensorial, são queijos intensos e persistentes. O aroma tende a ser complexo, remetendo a notas bastante frutadas, principalmente remetendo a frutas amarelas como abacaxi e maracujá. É possível perceber ainda um toque defumado, mas são notas de castanhas tostadas. O sabor combina equilíbrio entre salgado e adocicado, com salivação prolongada e camadas que podem variar entre amanteigado, picante suave e até lembranças de caldo de carne, dependendo do tempo de cura. Sua densidade de massa convida a mastigar lentamente, liberando nuances que evoluem a cada mordida em uma persistência constante.
Quanto à harmonização, o Benedito se conecta muito bem com vinhos tintos encorpados, vinhos do Porto ou espumantes brut, que equilibram sua potência e salinidade. Também são excelentes parceiros de cervejas maltadas, como Bocks e Ales mais robustas. Em tábuas de degustação, brilham ao lado de mel, frutas secas e pães artesanais, além de enriquecer saladas, pratos quentes como risotos, massas gratinadas e carnes ao forno.
Lá de Madre 12 meses / Fazenda Santa Mônica
No coração das montanhas de Minas Gerais, mais precisamente em Madre de Deus de Minas, a arte de inovar e fazer queijos autorais se encontram em cada detalhe da produção da Fazenda Santa Mônica. É lá que nasceu o Lá de Madre, um dos queijos mais premiados do país, criado por Renato Queiroz de Castro e Viviane Campos de Castro, um casal que sempre gostou de viajar e apreciar bons vinhos e queijos.
A história do projeto começa em 2016, quando os dois decidiram transformar a fazenda, que era um projeto só para aproveitar a pacata vida rural, em uma referência nacional na produção de leite. Há pouco mais de 2 anos resolveram criar uma receita autoral de queijos de longa maturação. Inspirados por antigas referências da própria região — onde imigrantes dinamarqueses já haviam produzido queijos no início do século XX —, Renato e Viviane criaram um modelo de produção com excelência e foram buscar referências na Europa, mais precisamente Holanda e Suíça.
Um dos destaques da fazenda é o programa “Adote um Queijo”, que convida os apreciadores a acompanharem de perto a produção, conhecerem os animais e entenderem como cada etapa do processo influencia no queijo. Você pode escolher entre as versões de 6, 9, 12 e 15 meses. Apesar do longo tempo de maturação, a textura amanteigada está presente em todos. Quanto mais maturado, mais complexo.
Ao cortar, revela uma massa firme e amanteigada, com cristais de tirosina que conferem leve crocância e textura em boca como poucos queijos podem proporcionar. O aroma traz notas maduras, levemente frutadas, e o sabor é intenso, com toques de amêndoas, frutas secas e um final picante, típico dos queijos longamente maturados.
É um queijo de presença marcante, mas extremamente equilibrado — daqueles que envolvem o paladar e ficam na memória, pois tem a capacidade de lhe causar uma complexidade sensorial tão completa que fica difícil de esquecer deste queijo.
O Lá de Madre de 12 meses vai muito bem com vinhos tintos leves, como um Pinot Noir, ou mais encorpados, fica à escolha. Também é excelente com Chardonnay barricado, que ressalta sua cremosidade. Para acompanhamentos, pense em geleias, mel e castanhas. Parece que a geleia de damasco com amêndoa e cointreau foi pensada para este queijo, pois ela tem uma capacidade fora do comum de destacar todos os aromas dele.
Por ser um queijo maturado, ele deve ser mantido na geladeira, entre 4 °C e 7 °C, e retirado com cerca de 30 minutos de antecedência para atingir a temperatura ideal e liberar todo seu aroma e sabor. Depois de aberto, o ideal é consumi-lo em poucos dias.
